O que levar do meu 2017?

     Compreender finalmente que você ainda não se entendeu e já se aproxima dos 30 é algo enriquecedor, pois ainda a muito a se caminhar e ao mesmo tempo é desesperador pois tudo, todos e tanto foi feito para ainda se questionar. 

     2017 foi um piscar de olhos, ou melhor dizendo, um cochilo intrínseco em minha mente onde 4 anos não significavam mais nada. Foram semanas olhando para o teto e nem perceber que escureceu e ainda assim querer se justificar de algo que não é plausível de explicações, infelizmente e simplesmente acontece com milhões e assim foi comigo. 

     Tragado pela depressão, confundido pela ansiedade, iludido pelas mudanças de humor e desacreditado em seres humanos. Esse ano foi mais palpável crer no inacreditável, em algo que não era verdadeiramente crível, porém era mais vivo, dourado, pulsante e reluzente. Mais vivo que promessas de amores eternos, amizades extensas e companheirismo vãos. 

       Olho para trás e vejo que consegui algo que na verdade eu não queria conseguir: entrei no clube dos 27. São tantas figuras públicas que se foram aos 27 anos  e sempre brinquei que se não fosse agora, só aos 72, mas foi dessa vez, eu morri em diversos sentidos e ainda estou tentando cremar as partes que insistem em ser fênix. Deixei de ser louco, o tal porra louca que todos adoravam, ou melhor, adoravam o que ele proporcionava, o circo que gerava, o vinho que derramava e a facilidade de me controlar. 

       Nesse fim de ano e com essa avaliação, olhando de janeiro a janeiro, eu fiz tanta coisa que não queria fazer, me relacionei com tantas pessoas com medo de ficar sozinho, sonhei os sonhos dos outros e quis provar para mim mesmo que conseguia, que eu aguentava e que eu sozinho venceria. Venci realmente, sou um profissional realizado, um homem com seu carro vermelho e casa popular de chão com cimento queimado e posso me dar o luxo de um ano sabático. Mas o porque eu venci, qual a razão de tanto correr e nada aproveitar? 

       Logo chegam os meus 28 anos, um ano sem álcool e algo mais, um ano quase sem sexo, sem café, sem multidões de amigos, sem provar que eu não preciso provar nada a ninguém (parafraseando) e chego nessa idade com vontade de saber quem eu sou, o eu que nasceu aos 27 e tem agora mais uns 50 anos para se redescobrir e poder falar: eu venci de novo, e de novo e de novo. 

E A TODOS OS DESINFORMADOS, SEGUE NOTA DO AUTOR:
     Eu não desisti de nada em minha vida, apenas estou aprendendo que viver é diferente de sobreviver. Podem me chamar de louco, mais viver é bem melhor que ter sucesso em sobreviver.